"Você quase não sabe nada sobre mim.
Uma vez fui morar no alto da colina
e fiquei tão abismada com a beleza natural, o rio, a cachoeirinha, a
mata, que empilhei uma casa apoiada nas pedras.
Morar na casa da colina
mudou tudo.
Mudou a mim, mudou a vida.
Lá, como não havia eletricidade,
eu dependia de lampiões e candeeiros para me locomover com gentileza pelo
escuro.
De noite via os vagalumes incendiando o breu.
Se a noite estava
estrelada, eu dormia fora de casa e me deslumbrava.
Tanta estrela me
transportava pra um céu acolhedor.
Só tinha anjo lá.
A casa me
ensinou a pertencer a um lugar.
O lampião iluminava o ambiente, mas o
candeeiro era íntimo.
Eu mesma carregava luz por onde ia.
Havia uma
sensação de amor, difícil de explicar.
Era como se eu estivesse
transportando amor.
Uma carregadeira de amor.
Você não me vê assim, vê?
Pois esta sou eu.”
Carmen Oliveira
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