Num daqueles momentos
de solidão,
me peguei sentido desejo por uma pêra.
Tão linda forma,
lisa superfície,
rija.
Escondia doce polpa,
prometia saboroso suco.
Passar a língua por toda a sua extensão,
demorar-me em uma só parte...
Pêra que era, estava ali: entregue.
Por isso não gemia,
por isso não falava,
por isso não xingava,
por isso não trocava,
por isso não reagia.
E de estar tomada,
fazia,
nada.
Tomada por mim, deixou de ser pêra.
Morreu aos poucos,
desaparecendo a cada mordida.
Não era mais pêra,
não era mais bela,
não era mais rija,
não era.
Foi pêra.
Agora era pena.
Pena que eu sentia dela.
Daquela ex-pêra.
Melhor era não tê-la comido,
melhor era continuar a desejá-la,
melhor seria só observá-la,
melhor era...
Mulher era.
Mulher desejava ser.
Para continuar bela,
continuar a existir,
melhor era,
meu desejo omitir.
me peguei sentido desejo por uma pêra.
Tão linda forma,
lisa superfície,
rija.
Escondia doce polpa,
prometia saboroso suco.
Passar a língua por toda a sua extensão,
demorar-me em uma só parte...
Pêra que era, estava ali: entregue.
Por isso não gemia,
por isso não falava,
por isso não xingava,
por isso não trocava,
por isso não reagia.
E de estar tomada,
fazia,
nada.
Tomada por mim, deixou de ser pêra.
Morreu aos poucos,
desaparecendo a cada mordida.
Não era mais pêra,
não era mais bela,
não era mais rija,
não era.
Foi pêra.
Agora era pena.
Pena que eu sentia dela.
Daquela ex-pêra.
Melhor era não tê-la comido,
melhor era continuar a desejá-la,
melhor seria só observá-la,
melhor era...
Mulher era.
Mulher desejava ser.
Para continuar bela,
continuar a existir,
melhor era,
meu desejo omitir.
de Pedro Monticelli
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