Meus
lábios disfarçam silêncios
Meus olhos desnudam minhas fraturas expostas
Extraio sonhos de lugares desconhecidos
Exporto sem saber seus CEP.
Recebo poemas sem saber de onde chegam e a quem
devo endereçá-los
Sou apenas um veiculo
Sedenta de combustível
Me pergunto se sonhos habitam os mesmos lugares dos
poemas
Insisto em dormir para não perdê-los já que
desconheço suas origens e temo não mais alcançá-los
Me deixo ser matéria deles, uma forma de reter e de
me reconhecer, porque não faço idéia de quem eu verdadeiramente seja
A beira de ser aquela que ama, que deseja, que
possui e que expurga
Anseio enveredar-me por oníricos mundos amiúde .
despida de ego e identidade, esquecida de meu nome
e idade, selvagem e absoluta
Sonhar-me sem culpa, sonhar-me não lúcida, ao mesmo
tempo que elucidando fantasias possíveis
Retratos se gastam e somem
Rogo para que não me acordem
Sou devota de uma desordem dormente que se esgota
na aurora
É como experimentar a beleza da morte e retornar em
si mesma sentindo vestígio de um sutil verossímil perigoso, vil,
fim...
Recebo eletro - choques na cervical que me fazem
lembrar que estou tencionada por estar demasiadamente acordada.
Camila
Nunez Muitas
Nenhum comentário:
Postar um comentário